Já foram as eleições para o parlamento europeu e ao contrário da “típica narrativa” da comunicação social portuguesa (a qual muitas vezes tento pesquisar no canto do ecrã a referência “patrocinada por”), a vitória NÃO FOI à “esquerda”! O Partido Socialista ficou à frente por 0,9% é certo…mas a maioria foi claramente à “direita”.
Curiosamente, há uns anos atrás, por uma vitória de 3%, António Costa achou “poucochinho” e aproveitou para com essa desculpa, afastar António José Seguro… Agora com 0,9%, aguarda-se a postura de Pedro Nuno Santos… Mas a desfaçatez deste é tanta que de pronto ele comemorou a micro-vitória percentual, com Marta Temido, que era claramente a pior candidata que o PS poderia ter arranjado! Afinal ter no “curriculum”, a destruição que se vê do SNS (com casos graves à mistura), não é propriamente algo glorificante… E, claramente, acho que quem voluntariamente lhe deu o voto, ou nunca precisou de recorrer ao SNS…ou deveria ser alvo de estudo pela NASA…ou certamente terá uma certa predileção pelo masoquismo… mas enfim…
Em concreto, o PS conseguiu a proeza de, mesmo ficando à frente na percentagem de votação, PERDER um deputado face a 2019! Passou de 9 para 8 deputados…o Bloco de Esquerda e o PCP também perderam um deputado cada e caminham a passos largos para a inevitável (e merecida) extinção…conclusão? Clara derrota para a “esquerda”!
À “direita”, do lado da AD, mantiveram os 7 deputados que já tinham… A Iniciativa Liberal, elegeu pela primeira vez e logo 2 deputados… O CHEGA, elegeu também pela primeira vez, dois deputados. Logo, clara vitória à “direita”!
Faço especial referência para o caso do CHEGA que, certamente poderia ter tido mais votos, se não tivesse permitido no parlamento, que fossem aprovadas medidas propostas pelo PS (ao se abster) em vez de viabilizar as propostas pela AD (ao também se abster). Certamente muito eleitorado não lhe agradou essa “estratégia” que eu, pessoalmente, acho que foi um épico tiro no pé!
Claro que agora, há uma inevitável leitura nacional destas eleições e essa é claramente favorável ao Governo! Afinal, feitas as contas, foi um vencedor mesmo sem a candidatura encabeçada por Bugalho ter ficado percentualmente em primeiro. Ou seja, se agora houvesse uma crise política provocada pelo PS ou pelo Chega, Montenegro não teria quaisquer problemas em ir a votos e poder contar com a Iniciativa Liberal para tentar a maioria absoluta.
O PS ficou em primeiro percentualmente, é certo, mas com uma vitória que na realidade não o é!
Perde face aos 9 deputados eleitos há 5 anos e vê a possibilidade de regressar ao poder em Portugal cada vez mais distante na atual conjuntura.
A Europa virou à direita (em França, por exemplo, foi uma viragem esmagadora!)! Mas Portugal TAMBÉM virou à direita!
A soma da AD com a Iniciativa Liberal e Chega significa uma maioria esmagadora! O PS vê a “sua esquerda” sofrer uma épica erosão eleitoral! Bem longe dos tempos em que os partidos à esquerda do PS podiam somar cerca de 20% dos votos. A geringonça, que em 2015 afastou a direita do poder e abriu caminho para 8 anos de (des)governo socialista, acabou por ser fatal para comunistas e bloquistas, que nunca mais recuperaram o peso eleitoral que tinham.
O Parlamento Europeu ficou claramente com maior representação da “direita”! Situação que, curiosamente, parece ser um pesadelo para a dita “comunicação social” que mais parece “patrocinada por” ou cada vez mais aparentemente “canhota” digamos assim, pois só sabem repetir até à exaustão que houve um crescimento “da extrema direita” e outros epítetos do género, ditos com a sofreguidão de um peixe fora d’água a tentar arranjar água para as guelras! Informarem de motivos para crescimento de uns em detrimento da “erosão” de outros? Não lhes interessa… Então veremos agora como serão os próximos tempos, mas algo me diz que serão melhores…
Ah e anseio pelo momento em que Marta Temido, lá por Bruxelas, tenha que (e atenção que não desejo mal nenhum à senhora) recorrer a um hospital (que não seja apenas privado) e possa assim observar, na primeira pessoa, que afinal uma parceria público-privada na saúde funciona!
Nuno Duarte M. Figuinha