Os cinco grandes rios que cruzam a fronteira entre Portugal e Espanha – o Minho, o Lima, o Douro, o Tejo e o Guadiana – vão fazer parte de uma rede de destinos náutico-culturais sustentáveis, a Rede de Cruzeiros Ibéricos Fluviais Transfronteiriços (‘Red CIFT’), lançada na passada segunda-feira, 22 de julho, em Málaga.
O projeto Interreg Espanha-Portugal é cofinanciado pela União Europeia com mais de 800 mil euros com o objetivo de criar cruzeiros fluviais para promover o turismo sustentável e preservar o património natural, além de criar sinergias com o turismo cultural, transferindo conhecimentos e experiências entre as regiões transfronteiriças, explica a Associação Empresarial da Beira Baixa (AEBB) em nota.
A AEBB esteve presente na reunião de lançamento como um dos quatro parceiros portugueses, representando a região da Beira Baixa, com o objetivo de “promover o potencial turístico da bacia do rio Tejo e dos territórios circundantes, enquanto destinos náutico-culturais”, ao lado de outros quatro integrantes espanhóis do Red CIFT.
O Red CIFT estrutura-se em diferentes atividades, que vão desde o planeamento estratégico à formação, certificação, coordenação e comunicação. O resultado esperado é “o aumento do turismo fluvial, a criação de emprego e de oportunidades económicas, a preservação e a valorização do património cultural e natural, a melhoria da acessibilidade e a promoção da cooperação transfronteiriça”, avançou a associação em nota.
Serão realizados estudos para avaliar a viabilidade económica dos destinos náutico-culturais, em termos de planeamento estratégico, bem como o planeamento da promoção e da valorização, especialmente em termos de acessibilidade e sustentabilidade, assegurou a AEBB.
A certificação de boas práticas e a identificação de produtos turísticos de qualidade são medidas que podem ser utilizadas para garantir a qualidade e o cumprimento das normas de turismo acessível, informou o comunicado. A transferência de conhecimentos e experiências entre os parceiros da ‘Red CIFT’ também será uma aposta para facilitar a colaboração entre os atores envolvidos e gerar um ambiente propício ao intercâmbio de ideias.
Quanto à formação, considerada fundamental para desenvolver produtos turísticos ligados à rede, serão gerados conteúdos adaptados e ministrados cursos para fomentar a inovação, a criatividade e a responsabilidade ambiental na criação de itinerários náutico-culturais.
Em termos de comunicação, será criado um Catálogo Digital, assim como a identidade corporativa do projeto e o planeamento de ações estratégicas de visibilidade.
Representando as regiões Norte, Centro e Sul de Portugal, estão a Comunidade Intermunicipal do Alto Minho (CIM Alto Minho), a Associação Empresarial da Beira Baixa (AEBB), a Associação para o Desenvolvimento do Baixo Guadiana (ODIANA) e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR Algarve).
O Cluster Marítimo-Marino de Andalucía (CMMA) lidera o projeto e foi o anfitrião do certame na Andaluzia. A este, juntam-se outros parceiros espanhóis: a Associação Galega de Atividades Náuticas (AGAN+), o Cluster Turístico da Extremadura (Cluturex) e a Associação Ibérica de Municípios Ribeirinhos do Douro (AIMRD), provenientes das comunidades autónomas da Galiza, Extremadura e Castela e Leão.
Desafios e Objetivos
Apesar de contar com rios e paisagens fluviais de grande beleza, as bacias fronteiriças foram menos promovidas que outras zonas turísticas das regiões participantes, o que limitou o conhecimento e a visibilidade destes destinos, relata a AEBB.
A falta de infraestruturas e serviços adequados para o turismo fluvial também é vista como um desafio nas bacias fronteiriças, devido à falta de docas, amarrações, cais e outros serviços. A acessibilidade e a conetividade são ambas muito limitadas nas bacias fluviais e, por último, a gestão sustentável dos recursos hídricos.
Em resposta a estes desafios, o programa Interreg ‘Red CIFT’ Espanha-Portugal propõe promover o turismo fluvial nas bacias fronteiriças, garantir a conservação do meio ambiente e dos recursos naturais, bem como o equilíbrio entre o turismo e as comunidades locais; facilitar o acesso dos visitantes aos destinos e promover a mobilidade sustentável; reforçar a diversificação da oferta turística nas bacias hidrográficas, promovendo atividades relacionadas com o turismo fluvial, cultural, gastronómico, desportivo e de natureza.
Ao mesmo tempo em que fomenta o desenvolvimento turístico sustentável, o projeto europeu também servirá para posicionar as bacias hidrográficas como destinos turísticos nacionais e internacionais atrativos.