Regadio da Gardunha Sul “é um negócio entre o Luis Correia e o Paulo Fernandes”, diz o PS

O presidente da Câmara de Castelo Branco e da concelhia do Partido Socialista, Leopoldo Rodrigues, suscitou desconfiança sobre os interesses do ex-autarca albicastrense, Luis Correia, e do presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes – os “pais” do projeto do regadio da Gardunha Sul -, ao terem assinado “um negócio com tanto risco para Castelo Branco e tão vantajoso para outros”.

Em conferência de imprensa realizada ontem, 27 de agosto, o militante do Partido Socialista, João José Cristóvão, esclareceu que a principal questão em causa são os encargos futuros derivados do funcionamento da estação elevatória e do do sistema de Aproveitamento Hidroagrícola. Estes “seriam todos de responsabilidade da Câmara Municipal de Castelo Branco”, sublinhou.

Os custos de execução do projeto do regadio superariam o valor de 15 milhões de euros, protocolado com o Ministério da Agricultura e da Alimentação em 2021, no âmbito do Plano Nacional de Regadios, tanto naquela altura, quanto nos dias de hoje, segundo João José Cristóvão. 

“Uma situação destas, levada à Câmara Municipal e à Assembleia Municipal, nunca seria aprovada”, afirmou o socialista. Este teria sido o motivo do projeto do regadio da Gardunha Sul ter sido assinado sem conhecimento da Câmara e da Assembleia Municipal de Castelo Branco, segundo José João Cristóvão.

A acusação de José João Cristóvão é de que “isto foi uma questão unipessoal do senhor presidente da Câmara na altura, Luis Correia”. “Tal ação da Câmara Municipal seria refletida na fatura dos albicastrenses, com certeza”, acrescentou Carla Massana, militante do PS presente na mesa.

A Concelhia do Partido Socialista reuniu-se para reiterar, de forma conjunta, as recentes declarações de Leopoldo Rodrigues acerca do regadio da Gardunha Sul.

Os socialistas temem que “caso este projeto se viesse a concretizar, os albicastrenses pagariam para ficar sem água para beber” e afirmam que serão “intransigentes na salvaguarda da água para consumo dos albicastrenses e não serão nunca cúmplices de quaisquer outros objetivos”.

Um dos argumentos do PS para pôr em causa o projeto do regadio está na área definida ligeiramente abaixo do limite de 2 mil ha, que obriga à realização de estudo de impacto ambiental. Leopoldo Rodrigues questionou qual seria o medo do ex-autarca Luis Correia do presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes, “para fugirem à avaliação ambiental do projeto que propõem?”

O projeto do regadio da Gardunha Sul não foi levado à Assembleia Municipal, nem ao Executivo de Castelo Branco para discussão, apontou o líder do PS no concelho. Leopoldo Rodrigues chegou a questionar “o que pretendeu o Luis Correia esconder dos albicastrenses ao fugir a esta discussão”. 

Alterações climáticas

À luz do passado, marcado pela falta de água quotidiana em Castelo Branco antes da construção da barragem de Santa Águeda, o presidente da Câmara de Castelo Branco aponta para um futuro com períodos de seca mais frequentes e intensos em decorrência das alterações climáticas.

“A utilização da água da barragem de Marateca para regar regar dois mil hectares de cultura levará, seguramente, a que possa não haver água suficiente para consumo humano em Castelo Branco” dentro do cenário de alteração climática, afirmou Leopoldo Rodrigues durante a conferência de imprensa.

Defender o regadio da Gardunha Sul é “irresponsabilidade” e “leviandade”, segundo o PS, pois acarretará em falta de água para a população albicastrense. Para “salvaguardar” o recurso hídrico no futuro, os socialistas afirmaram que vão “resolver esta questão em proveito de todos, mas sem pôr em causa os interesses dos albicastrenses”.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *