Os produtores de caprinos e os ovinos de raças autóctones, sediados em diferentes concelhos das Beiras, foram laureados a propósito do IX Concurso Nacional Ovinos da Raça Merino da Beira Baixa e Caprino da Raça Charnequeira, no passado domingo, 04 de agosto, durante o último dia da XXIV Feira Raiana.
A Associação de Produtores Agropecuários Ovibeira realizou o concurso no segundo dia da XXIV Feira Raiana, 27 de julho, com apoio do Município de Idanha-a-Nova. O júri, composto por três especialistas nas raças autóctones, classificou os animais de acordo com as características padronizadas das raças. Estas, quanto mais evidentes fossem, maior era a premiação.
Dentre os critérios esperados, estavam aspectos como o “formato do topete pequeno, sem lã no focinho, pode ser ligeiramente acastanhada a cara, que até é mais característico”, explicou Carlos Andrade, um dos júris do concurso.
A homogeneidade nos animais também conta, assim como “a apresentação e o estado corporal dos animais”, conforme acrescentou o engenheiro agrónomo, durante o anúncio dos resultados. Outro aspeto muito característico no Merino da Beira Baixa é a presença de lã até à extremidade dos membros, critério tido em conta para distinguir o terceiro do primeiro lugar, como citou Carlos Andrade.
O júri do IX Concurso Nacional Ovinos da Raça Merino da Beira Baixa e Caprino da Raça Charnequeira foi composto também pelo Chefe de Divisão do Gabinete de Recursos Genéticos Animais (GRGA) da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) Pedro Vieira e pelo médico veterinário João Serejo.
Ao todo, foram inscritos 24 lotes de ovinos, entre ovelhas, carneiros, malatas e malatos – termo regional para macho ou fêmea com idade de reprodução – e 17 lotes de caprinos das classes de bode, anaco, cabras e anacas – cabritos de um ano – das raças autóctones. Os animais que foram a concurso, estiveram expostos na Zona de Exposição Agropecuária durante todo o período da feira.
A valorização das raças autóctones é um dos objetivos centrais deste concurso, para além do acompanhamento genético do animais registados nos livros genealógicos detidos pela associação, como apontou Gil Vicente da Ovibeira ao CB Notícias.
Apesar das raças Merino da Beira Baixa e Charnequeira estarem mais adaptadas à rusticidade do clima e do solo da região, há cada vez menos espécimes que escapam à pressão económica. Com a finalidade de aumentar a produtividade dos rebanhos, as raças autóctones foram sendo cruzadas com outras raças, reduzindo assim o efetivo que descende de ovinos e caprinos que sempre habitaram a região.
Produtores vencedores
O Município do Fundão ganhou três vezes em primeiro lugar com lotes de ovelhas, carneiros e malatas no Concurso Merino da Beira Baixa. Já no Concurso Cabra Charnequeira, o lote de cabras venceu o 3° Prémio.
Outro produtor que se destacou foi a Herdade de Vale Feitoso, localizada em Idanha-a-Nova, que ganhou sete prémios, sendo duas vezes em segundo lugar com ovelhas e carneiros, mais duas vezes terceiro lugar com malatos e malatas da raça Merino da Beira Baixa. Os anacos, as anacas e os bodes da raça Charnequeira acrescentam um 2° Prémio e dois 3° Prémios.
José Augusto Marrocos, conquistou as três posições do Concurso Merino da Beira Baixa, com um lote de malato em primeiro lugar, de malatas em segundo e de carneiro em terceiro lugar. Em segundo lugar, também ficou o lote de malato da Ribeira d’Azinheira, em Alcains, no concelho de Castelo Branco.
No Concurso de Cabra Charnequeira, aparecem como vencedores do 1° Prémio, as cabras do produtor Manuel Catarino e os bodes, anacos e anacas da Maria Júlia Garcia. Em segundo lugar, Manuel Catarino e Maria Manuela Flores destacaram-se com o lote de anacas, respetivamente, e de cabras e de bodes. O terceiro prémio de Maria Manuela Flores foi na terceiro colocação com o lote de anacos.
Fotos: Ovibeira
Quintas Experimentais do Município do Fundão
Os lotes vencedores do concurso do Município do Fundão são provenientes de um projeto desenvolvidos no âmbito da estratégia do centro Agrotech, no qual criou Quintas Experimentais, onde investe na produção pecuária de pequenos ruminantes de raça autóctone, os ovinos Merino da Beira Baixa e Caprinos da Raça Charnequeira, entre os quais estão.
As Quintas Experimentais funcionam como centro de testes agrários e espaços de visita onde os agricultores podem, em contexto real, ver e experimentar soluções inovadoras na área da agricultura e da pecuária. Segundo o próprio município nas redes sociais, “a aposta tem como intuito fomentar a atividade de pastoreio extensivo em paisagem protegida e valorizar as raças autóctones”.