Os três partidos que compõem o executivo albicastrense pronunciaram-se a respeito do projeto do regadio da Gardunha Sul e da barragem do Barbaído nesta terça-feira, dia 3 de setembro. O PS condicionou a construção do sistema de aproveitamento hidroagrícola na barragem de Santa Águeda à garantia da barragem do Barbaído. O PSD e o Sempre exigem avanço desta segunda obra, prometida pelo PS há mais de 20 anos.
O Partido Socialista (PS) de Castelo Branco “só aceita equacionar discutir o regadio se estiver garantida a construção da barragem do Barbaído com metas concretas e horizonte definido”. Mesmo que garantida a barragem, o PS defende “uma ampla discussão pública” antes de proceder à execução do regadio Gardunha Sul.
O Sempre – Movimento Independente (MI) afirmou que a barragem do Barbaído “será sempre uma salvaguarda extraordinária em termos de consumo humano de água, o que permitirá a concretização do projeto do regadio”.
Faltam dados sobre o estado atual do projeto do regadio para fundamentar as afirmações recentes do presidente da Câmara, por isso o MI não tomou posição quanto ao projeto do regadio.
O projeto do regadio da Gardunha Sul “levanta dúvidas” no PS, em relação às quais acusam “o ex-presidente Luís Correia e o seu movimento” de “fugir com o rabo à seringa” e “tentar atirar a areia para os olhos dos albicastrenses”.
Luís Correia lamentou que Leopoldo Rodrigues tenha “despido o fato” de presidente da Câmara para “vestir o fato” de presidente da concelhia do PS para responder à crítica do Sempre, de que “nem o regadio, nem a barragem” se concretizariam.
A marcar um ano para as eleições autárquicas portuguesas de 2025, o PSD apontou para os mais de 20 anos do PS na presidência da Câmara Municipal de Castelo Branco em que “nada foi feito” para concretizar a barragem do Barbaído.
“O regadio só pode avançar depois da construção da Barragem do Barbaído e da sua interligação com a barragem de Santa Águeda, tal como estava previsto desde 2001, no projeto de investimento assumido pelas Águas do Centro e pelo Governo” de José Sócrates, defendeu o PSD em comunicado de imprensa divulgado ontem, dia 3 de setembro.
Políticos medem força no debate
PS: Ex-partido do ex-presidente atira-lhe farpas
As “dúvidas” que o projeto do regadio suscita, segundo o PS, são as mesmas afirmadas pelo atual presidente da concelhia socialista e da Câmara albicastrense na última conferência de imprensa.
Desta vez, foi Gonçalo Clemente Silva o porta-voz do partido a questionar Luis Correia o porquê da área do regadio ser ligeiramente menor do que o limite que obriga à realização de estudo de impacto ambiental e o porquê do projeto do regadio não ter sido discutido em Câmara ou Assembleia Municipal.
“De quem tem medo o ex-presidente Luís Correia para fugir da avaliação ambiental do projeto que propõe? De que tem medo o ex-presidente Luís Correia para não ter levado a conhecimento e a discussão à Assembleia Municipal e à Câmara Municipal este projeto de regadio?”, especulou Gonçalo Clemente Silva.
No âmbito das alterações climáticas, o PS tem dúvidas se o ex-presidente Luís Correia teve em conta as previsões e “as suas consequências para o futuro”, evocando as lembranças da falta de águas no concelho.
Repetiu-se a dúvida acerca da capacidade do financiamento de 15 milhões, aprovado em 2021, é suficiente para cobrir “os custos associados a este projecto”. O PS impõe sobre o ex-presidente e ex-socialista Luis Correia a responsabilidade de “imputar aos albicastrenses o custo de um projeto de regadio”.
Tanto a barragem do Barbaído, quanto o IC31, a requalificação da zona histórica, têm décadas que são discutidas. De igual modo, tanto o atual presidente da Câmara, Leopoldo Rodrigues, quanto o ex-presidente Luís Correia não concluíram estes projetos. A semelhança entre os dois foi o partido, a diferença está a ser, até ao momento, o período na autarquia – o primeiro tem três anos de mandato, o segundo teve sete
Os socialistas devolveram a crítica do atual vereador do Sempre, Luís Correia: “Que nome tem quem não avançou nestas questões todas em sete anos como presidente de câmara e acusa os outros de incompetência por não as resolver em três?”
Sempre: Luís Correia rebate o “hino ao populismo e à demagogia”
No alvo do Partido Socialista, Luís Correia, hoje vereador do Sempre – Movimento Independente (MI), lamenta “que o PS, com as responsabilidades que tem no concelho de Castelo Branco, atue desta forma. Um verdadeiro hino ao populismo e à demagogia”.
Para o MI, o PS está a praticar a política do “diz que disse” com o objetivo de criar medo nas pessoas. Segundo Luís Correia, até ao momento não foram apresentados dados que sustentem a afirmação de que o projeto do regadio pode colocar em causa o abastecimento de água à população”.
Quanto às acusações recebidas do PS, Luís Correia nega ter “escondido o projeto” por dois motivos. Primeiro, relembrou que, entre 2019 e 2021, enquanto ex-presidente na altura da concepção do regadio, promoveu a discussão pública através da imprensa local, “de forma a que todos tivessem oportunidade de contestar os dados”. Apesar disso, “os dados do projeto do regadio não foram contestados”, conclui.
Em segundo lugar, Luís Correia relembra que “o tal negócio a que o PS se refere, foi nem mais nem menos que uma candidatura de financiamento para um projeto de regadio a partir da Barragem de Santa Águeda/Marateca, no valor de 15 milhões de euros financiados a 100% pelo governo português, a fundo perdido, valor que só por si seria uma alavanca na economia do concelho”.
A aprovação deste projeto pela ministra da Agricultura e Alimentação em 2021 aconteceu “apenas porque todos os organismos deram parecer favorável ao projeto, salvaguardando-se assim os possíveis receios sobre o projeto”, enfatizou o vereador do Sempre, recordando que a concretização de regadios estava no programa eleitoral do PS para as Eleições Legislativas de 2019.
Sobre as acusações de que não teria previsto impactos ambientais no projeto do regadio, Luís Correia relembrou a notícia “O regadio é sustentável”, publicada em novembro de 2019 no Reconquista. Os dados principais do projeto em relação à falta de água para consumo humano foram apresentados, demonstrando a sustentabilidade do projeto.
PSD: Barragem, a pedra no sapato
Os três partidos concordam sobre a necessidade da construção da barragem do Barbaído. A barragem do Barbaído é um projeto dos Serviços Municipalizados de Castelo Branco, que prevê a criação de uma reserva de água interligada à Estação de Tratamento de Santa Águeda para o consumo humano.
Tanto o Sempre, quanto o PSD relembraram que o projeto foi lançado em 2002, no âmbito do Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água e de Saneamento do Centro Litoral de Portugal, durante o governo de José Sócrates.
Os socialistas defenderam a barragem no programa eleitoral, foram eleitos à presidência da Câmara Municipal e “nada foi feito”, referiu o PSD. De igual maneira, Leopoldo Rodrigues não avançou com a barragem, mesmo depois de “ter garantido que o projeto era para avançar e que só depois avançaria o Regadio de Santa Águeda/Marateca”, apontam em comunicado.
Nesse sentido, não será necessária a construção de uma nova estação de tratamento de água e “caem por terra” as afirmações de Leopoldo Rodrigues acerca da barragem ser construída à jusante do rio, acrescentou o Sempre.
O PSD relembra que a entidade “Águas do Centro” e o Governo Português assumiram a construção da barragem do Barbaído com interligação a Marateca, no projeto de investimento previsto desde 2001, para dizer que o PS nada fez para a conclusão da obra nestes 22 anos.
A construção da barragem do Barbaído passou a ser uma das bandeiras políticas do PSD após o anúncio do regadio da Gardunha Sul. A aprovação desta proposta surpreendeu os sociais democratas na altura, que descobriram pela comunicação social a existência do projeto e o apoio do primeiro-ministro António Costa.
O PSD afirmou que “não pode deixar passar esta inércia do presidente da Câmara Municipal”.
“Se acredita que faz a barragem do Barbaído, então não perca o regadio”, pediu o Sempre a Leopoldo Rodrigues.