“Os partidos têm que estar mais próximo das pessoas e o PSD não tem estado [no distrito]”

ENTREVISTA Jorge Garcez – Candidato à liderança distrital do PSD de Castelo Branco

Jorge Garcez é hoje advogado, bombeiro e deputado da Assembleia Municipal do Fundão, exercendo, ao mesmo tempo, as três funções. Antes de filiar-se aos 18 anos, o candidato já frequentava a Juventude Social-Democrata (JSD), criando uma trajetória política dentro do partido que, hoje aos 42 anos, Jorge quer unir por meio de causas.

O candidato Jorge Garcez é mais jovem do que o candidato Manuel Frexes e atuou na Juventude Social Democrata (JSD). Considera que a idade seja um aspecto posto como um desafio ou uma mais-valia nesta candidatura?

Eu não creio que a idade seja um critério marcante na diferença entre os dois candidatos. Eu acho que ambos temos uma experiência na política, de forma diferente, já contribuímos e já demos o nosso contributo. O Dr. Manuel Frexes foi presidente da Câmara do Fundão. Eu fui vereador dele na Câmara do Fundão. Trabalhamos juntos, entretanto, fui para o governo, tive funções no governo, na Administração Interna, na presidência do Conselho de Ministro, continuei depois como vereador quando ele saiu da Câmara, com o Dr. Paulo Fernandes, estou na Assembleia Municipal há 18 anos como autarca, portanto experiência política todos temos.

O que acho que é determinante é a vontade que temos ambos – pelo menos eu tenho – de renovar o partido, de fazer deste partido um instrumento de resposta aos problemas das pessoas, ao invés de ser um partido que está à espera de eleições para indicar nomes para as listas. Queremos um partido que esteja diariamente preocupado com a resolução de problemas, que escute os militantes, que esteja aberto à sociedade civil, que envolva cada vez mais pessoas no processo de decisão, que no fundo abra portas e janelas a toda a gente, porque, hoje em dia, os partidos têm que estar mais próximo das pessoas e o PSD não tem estado. Os resultados, ou os maus resultados, estão à vista de todos.

E foi essa situação de distanciamento da população que levou o Jorge Garcez a apresentar a candidatura?

Foi uma das principais razões, sim. Eu acredito que o partido pode e deve ser um instrumento ao serviço das pessoas e não dos seus líderes. Em cada circunstância, acho que o partido tem a possibilidade de discutir os vários problemas e propor soluções, de ser um instrumento de grande autoridade para resolver os principais problemas e desafios que temos no distrito, nomeadamente aqueles que resultam da demografia, da migração jovem, dos riscos naturais, enfim. Temos grandes desafios pela frente que obrigam a um debate profundo, coisa que o partido não tem feito.

Obviamente, vamos defender essas ideias depois junto do Governo, dos órgãos locais. Acho que o PSD tem que ser uma marca de confiança em várias matérias, nomeadamente na questão social. O envelhecimento da população no nosso distrito obriga a um foco cada vez maior nestes problemas relacionados com a saúde, com os tratamentos dos mais idosos. Portanto, acho que o PSD tem mesmo agora que se concentrar na resolução dos problemas das pessoas e deixar a intriga política, deixar de se concentrar apenas em eleições para tentar eleger este ou aquele para os diferentes lugares. Acho que é mesmo a hora de nos afirmarmos como um partido disponível para resolver os problemas.

Dentro desta questão, o candidato afirmou que pretende unir o distrito, qual será a estratégia?

Nós estamos a falar de todo o distrito, obviamente que não estou a dizer que vamos colocar toda a gente a defender as mesmas ideias, mas acho que é preciso unir o distrito em torno de causas, coisa que não temos tido. O PSD não tem uma ideia no distrito, não tem uma causa, não tem um propósito, não se reconhece absolutamente nada em relação ao que defende ou o que pretende para o distrito.

Nós, nos últimos pelo menos quatro anos, não conhecemos absolutamente nada do que é a ideia do PSD distrital para o nosso distrito ou para o futuro do nosso distrito. O que nós precisamos neste momento é recentrar-nos em torno de causas, de defender ideias que nos consigam unir e que nos dêem alguma identidade, que é a coisa que também o partido não tem tido. Portanto, esta ideia de que os partidos políticos existem apenas à espera de eleições para depois “auto” indicarem os seus dirigentes, isso é uma coisa que comigo não vai voltar a acontecer.

Dentro dessas causas, o candidato destaca alguma em específico?

Pra mim, a causa social é uma das mais relevantes. O PSD tem que assumir um compromisso claro de, em nenhuma freguesia, existir ou continuar a existir idosos que vivem isolados, sozinhos, sem acesso a medicação, sem acesso a alimentação, sem acesso a saúde. Isso para mim é marcante e também resulta da minha experiência enquanto bombeiro. Muitas vezes, somos chamados para socorrer pessoas que, ou por falta de medicação ou por falta de acesso a determinados tipos de cuidado, que são, no meu ponto de vista, básicos.

As pessoas adoecem e todas estas situações, ou a grande maioria, seriam evitáveis se houvesse um acompanhamento, se essas pessoas não tivessem sido deixadas sozinhas. Portanto, nós temos que fazer um esforço de identificação destes casos e encontrar uma resposta social para a terceira idade que evite estas situações e que promova uma melhor qualidade de vida para as pessoas com idade mais avançada. Infelizmente, temos tido cada vez mais casos no distrito e acho que o PSD tem aqui uma obrigação de ser um grande aliado na promoção da qualidade de vida dos mais idosos.

Jorge Garcez foi adjunto do secretário de Estado e do ministro de Administração Interna do último governo social-democrata, portanto esteve próximo desta dimensão nacional. Quais são as oportunidades de atuação para o distrito com o PSD no governo novamente?

Nós temos que resolver várias questões, seja na mobilidade, seja no aproximar mais fácil dos nossos jovens ao trabalho, na questão do teletrabalho, melhorar as condições das comunicações, tornar mais rápida a comunicação, aproximar e melhorar as redes viárias. Uma das propostas que iremos defender é devolver Castelo Branco à rede de transporte aéreo, da ligação nacional que existe. Temos que garantir maior proximidade aos centros de decisão. Também há várias questões que têm a ver com o ordenamento do território, no âmbito florestal, agrícola e hídrico.

Acho que tem que haver um plano para a água no distrito, que garanta a continuidade dos investimentos agrícolas, nomeadamente no sul da Gardunha, que vai beneficiar Castelo Branco e a parte Sul toda do Fundão. A questão do ordenamento do território, como eu disse, em relação às questões florestais, têm de ser melhoradas para garantir que os investimentos sejam feitos com segurança, diminuindo os riscos de incêndio, que põe em causa os investimentos florestais. Temos um conjunto alargado de questões que têm impacto direto na qualidade de vida e no desenvolvimento económico da nossa região e que precisam ser cuidadas.

Depois, temos outras matérias como o turismo. A estratégia do turismo para a região tem de ser repensada, para atrair cada vez mais o turismo qualificado. Portanto, nós temos que, de facto, ter uma visão muito mais ambiciosa, mas para isso também temos que identificar essas necessidades e dar voz aos nossos militantes e à sociedade civil para que eles também possam sugerir o que entendem ser o melhor. Por isso, é importante nós ouvirmos as empresas, ouvirmos as pessoas que vivem no dia a dia, ouvir os funcionários destas empresas e indústrias que nós temos no distrito e através deles construir soluções para que sejam, de facto, adequadas para melhorar a vida e o dia a dia de todos nós.

A respeito da equipa, o Jorge Garcez montou a lista com base em que critérios?

São pessoas, muitas, que eu já conheço. Não só pelo trabalho direto que tive com elas, mas, sobretudo pelo que conheço do trabalho profissional delas, são pessoas bastante experientes e autónomas. Eu tentei escolher pessoas com muita experiência de vida fora dos partidos. Quero escolher o menos possível de pessoas que façam a vida na política ou que dependam da política. Escolhi pessoas que são, muitos deles, empresários, outros são trabalhadores individuais, outros são pessoas com experiência associativa. Tentei ir buscar à sociedade civil militantes que pudessem trazer para dentro do partido uma experiência de vida que ajude a melhorar o debate político interno e ajude a construir soluções melhores para os problemas que temos. O pior que podemos fazer é fazer da política o modo de vida, viver da política durante muitos anos, porque acabamos por ficar alienados da realidade e, muitas vezes, aquilo que falamos não é aquilo que representa, de facto, os problemas das pessoas. Portanto, quanto maior for a experiência de vida empresarial, a experiência de vida enquanto trabalhadores fora do ambiente político, mais benefícios elas podem trazer para a qualidade da ação política e foi isso que tentamos fazer, trazer essa experiência para dentro do partido.

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