Na semana passada foi manchete na comunicação social o anúncio de que a dívida pública tinha emagrecido 9,4 mil milhões de euros no ano passado. Sem explicar porque é que ao PS só interessava falar no ano passado, vangloriaram-se que pela primeira vez em muitos anos, a dívida tinha ficado abaixo dos 100% do PIB – Produto Interno Bruto, retórica imediatamente repisada pelo governador do banco de Portugal, que veio acrescentar que a referida “redução” não era uma situação que tinha acontecido por acaso, mas que resultava de um esforço que passa pelas famílias, empresas e, necessariamente, pelo Estado.
O problema é que este tipo de afirmações, não sendo mentira se olharmos só para 2023, já não corresponde de modo algum à realidade se considerarmos todo o período da governação socialista, pois durante o mesmo a dívida pública não diminuiu, aumentou e muito, sendo os dados do próprio Banco de Portugal que o evidenciam.
Acontece efetivamente que, em novembro de 2015, data em que tomou posse o primeiro governo liderado por António Costa, a dívida pública portuguesa era de 235 mil milhões de euros, sendo agora de 263 mil milhões. Não é assim preciso ser barra em matemática para concluir que, em vez da dívida pública ter descido com o governo socialista, teve um percurso completamente inverso, ou seja, aumentou 27,3 mil milhões de euros, isto mesmo depois de descontarmos os 9,4 milhões da bravata da semana passada.
Se não acreditarem, verifiquem com os vossos próprios olhos, pois é extremamente fácil. Tanto que às vezes até parece que Costa e os seus apaniguados nos devem considerar a todos tolos, pois basta ir ao site do BdP, e, no mapa que vos aparece se usarem o link que indico (que, à boa maneira socialista, compara apenas a dívida entre dez 2020 e dez 2023), alterarem o início da amostra para novembro de 2015 e conferirem os valores. Nada mais fácil!
Pode parecer mentira depois da bazófia da semana passada, mas não é! É verdade! Desde que António Costa é primeiro-ministro a dívida pública portuguesa aumentou 11,61%, 27,3 mil milhões de euros que alguém um dia vai ter de pagar – ele não porque vai para um cargo qualquer na Europa -, mas, como no ano passado conseguiram reduzir algo do aumento de que eles próprios foram responsáveis, é vê-los cantar de galo na comunicação social, como se tivessem feito alguma coisa importante.
Como se as pessoas não soubessem que, quando nos começam a falar do PIB – a soma de todos os bens e serviços que foram produzidos em Portugal no ano passado) -, o que estão é a querer enfiar-nos Lisboa pelos olhos a dentro, como se alguém, pelo facto do seu ordenado ter sido aumentado, começasse imediatamente a dever menos dinheiro no banco. Até poderemos pensar que talvez seja possível levar menos tempo a pagar, obviamente desde que não se fique desempregado, a luz, a água ou os impostos não aumentarem, agora, para o PS, todas as pessoas a quem os ordenados foram aumentados, mesmo que tudo esteja mais caro, passam automaticamente a dever menos.
Acresce que, como tudo aumentou por causa da inflação, o PIB tinha mesmo que subir, só que isso não significa que o país ou as pessoas tenham mais facilidades em pagar as dívidas, pois o valor nominal continua igual, ganhe-se mais ou menos de ordenado ou de apoios sociais
Resumindo, caso se queira falar com seriedade sobre a dívida pública, a verdade é só uma, a de que o Partido Socialista é o único responsável pelo seu aumento em 27,3 mil milhões de euros desde que começou a governar em novembro de 2015 até agora.
O resto é descaramento e conversa fiada para parolo engolir por parte do partido e do governo que são os verdadeiros campeões na perda do poder de compra por todas as camadas da sociedade portuguesa, tanto que às vezes até me costumo perguntar se António Costa, lá bem no fundo, não será mesmo é comunista, com o desejo secreto de nos pôr a todos a ganhar o salário mínimo nacional.
Álvaro Batista