“O chamamento aconteceu“ após Frexes sair de uma situação “muito penalizadora”

ENTREVISTA Manuel Frexes – Candidato à liderança distrital do PSD de Castelo Branco

Com 68 anos, Manuel Frexes retorna à vida política após ter “a sentença de absolvição total e absoluta” no processo de acusação do Ministério Público decorrido entre 2018 e 2024. Filiado ao PSD há 47 anos, é candidato à presidência da Comissão Política Distrital de Castelo Branco com o apoio de “muitos companheiros” e “um património privilegiado de contactos”.

O candidato anunciou a proposta de formar um conselho estratégico. Qual é o diferencial desse conselho estratégico?

É um órgão que vai reunir os melhores, cada um em seu segmento de conhecimento, para que eles contribuam com estudos, propostas e linhas gerais de orientação para as políticas que devem ser implementadas no distrito. Isso dá-nos uma vantagem enorme, porque uma coisa é nós passarmos a vida a queixarmo-nos que “o nosso distrito está assim, que tem isso, que tem aquilo outro” e não termos as soluções. O conselho estratégico permite-nos ter soluções para os problemas que temos e permite-nos chegar ao Governo bem fundamentado e com o trabalho de casa feito para que quem é o nosso interlocutor não possa usar os argumentos de que não há dinheiro ou de que não há isto ou que não há aquilo ou que não é prioritário ou que não sabemos bem. “Ah, talvez” ou “vamos estudar”. Não, a gente já leva tudo como deve ser.

O Manuel Frexes já está na política há alguns anos. Hoje está a atuar em alguma função política?

Não, eu não desempenho nenhum cargo atualmente. Desempenhei no passado e desempenhei cargos desde bastante jovem, sobretudo partidário. Já tenho uma idade um pouco provecta, vou fazer 68 anos e já sou filiado no meu partido há 47 anos, portanto devo ser talvez um dos militantes mais antigos do nosso distrito.

O que o levou a tomar essa decisão de se candidatar como uma proposta diferente com novidades, qual foi o ensejo?

Eu desempenhei várias funções no domínio político e tive que interromper devido a uma circunstância que é sempre uma circunstância muito, muito penalizadora, que foi o facto de ter sido acusado pelo Ministério Público de ter cometido práticas irregulares. E claro, assim que aconteceu, a primeira coisa que fiz foi suspender toda e qualquer atividade pública ou partidário. Há cerca de dois meses, três meses, no dia 29 de Fevereiro, saiu a sentença de absolvição total e absoluta.

Eu nunca, nunca desempenharia cargos enquanto tivesse qualquer coisa que me pudesse ser apontada. Isso porque a minha honra, o meu bom nome, a minha reputação tinha de ser salvaguardada em primeiro lugar. Depois, como o Ministério Público não recorreu, a minha sentença passou para a transitar em julgado e foi absoluta e definitiva no sentido da absolvição, houve muita gente que apoiou a candidatura, não foi apenas eu.

Nós, normalmente, somos impelidos a fazer aquilo que nos sentimos mais bem preparados e mais bem colocados para fazer, sobretudo quando são funções para ajudar os outros. Eu tive muitos companheiros, muitos que me ligaram, claro que felizes, tal como eu fiquei felicíssimo – obviamente, quem não fica nessa circunstância -, para dizer que eu tinha que voltar, porque era importante, tinha um património de conhecimento e um património privilegiado de contactos.

E agora que temos inclusivamente um governo da nossa área, que ganhamos as eleições recentemente, coisa para a qual eu pugnei muito enquanto estive aqui à frente da distrital. E claro, o chamamento aconteceu e eu como já estou muito atraído a isso, não resisti.

Portanto, foi uma junção de duas situações oportunas? A sua candidatura é fruto de um processo de absolvição e calha de acontecer num governo da AD. Então quais são as oportunidades que o candidato Manuel, caso seja eleito, visualiza para marcar a sua atuação?

A marcação essencial que vamos fazer pela primeira vez é criar este manancial de competência e de conhecimento para surpreendermos o nosso Governo. E a segunda é trazer o Governo cá. Eu vou convidar sistematicamente os membros do Governo, alguns deles trabalharam comigo enquanto fui presidente da Câmara e alguns deles também foram presidentes de Câmara, eu fui presidente dos Autarcas Sociais Democrata e tenho um património enorme de relacionamento com eles. Trabalhamos em muitas áreas, desde as autarquias, passando pelo partido, pela Assembleia da República, pelo governo, por muitos órgãos e nós temos que aproveitar esse relacionamento para que as causas do nosso distrito sejam colocadas em cima da mesa e possam começar a ser consideradas soluções para as mitigar ou para resolver.

Há muitos projetos estruturantes que já são muito antigos. A ligação à Espanha é vital e fundamental e é meu propósito que neste PRR se possa concretizar essa obra que é tão importante. Porque nós temos uma fronteira enorme com Espanha aqui. Em segundo lugar, a questão da reserva da água, que eu considero que é um projeto prioritário não só para o nosso distrito, mas é prioritário para o país, assim como a ligação à Espanha.

Hoje em dia, com as alterações climáticas, precisamos cada vez mais de reservas de água que permitam regularizar não só os rios que existem. E nós temos aqui o rio principal do país, que sofre uma situação inacreditável e pode sofrer muito mais, que é o seu caudal, sobretudo o caudal ecológico, muitas vezes, fica muito em baixo. Como é um rio oriundo da Espanha, quando tem falta de água naturalmente fica com a água para ela, apesar das convenções internacionais, mas nós temos uma solução. Foi uma solução que eu, enquanto Deputado, coloquei em cima da mesa.

Nós temos um rio que passa aqui perto, o Ocreza, que é totalmente nacional e que no inverno recolhe muita água. Se nós fizermos essa barragem de água, se fizermos essa captação de água e a mantivemos no verão, podemos resolver não só o problema do caudal do Tejo, que é uma coisa fundamental e prioritária, garantindo o ecossistema e garantindo que as espécies não sejam extintas pela seca e sobretudo, ficamos com uma toalha de água que vai ser fundamental para combater as próprias alterações climáticas e sobretudo criar oportunidades e criar forma de garantir aqui a existência de subsistência até com mais qualidade e potenciando inclusivamente novas culturas, como aconteceu em Alqueva e acontece.

Depois há muitas coisas que podem ser feitas que não custam nada, por exemplo, quando eu falo no metro de superfícies, as pessoas dizem “Lá está a mania das loucuras”. Não é. Há um corredor ferroviário que liga as três cidades em que passam dois ou três comboios por dia, mas por que não há de ser potenciado para ligar as cidades e melhorar a vida de mais de 100 mil pessoas aqui neste trecho? E, se calhar, não custa nada. É só uma questão de compatibilizar, arranjar um material circulante e compatibilizar o horário e pode transportar jovens.

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