Esta semana foi notícia uma visita ao império do sol nascente por representantes de vários municípios portugueses, geminados com cidades chinesas.
O título da notícia, diga-se, não deixava ninguém indiferente, sobretudo porque é sempre bom termos amigos importantes, já que mais não seja para ver se alguém aqui em Portugal, sobretudo no Terreiro do Paço, se começa a importar connosco:
“Castelo Branco: Visita à China para estreitar relações bilaterais”.
Como também sou curioso e não tenho vergonha nenhuma por causa de isso, pus-me a escarafunchar e acabei por descobrir que Castelo Branco está afinal geminada com um monte de cidades, grandes, médias e assim-assim: Zhuhai na China, Umuarama e Petrolina no Brasil, Huambo em Angola e Pulawy na Polónia (lá pronuncia-se Puáde – estive a verificar no Google), tudo informações garantidas, confirmadas “motu próprio” no sítio da internet do município.
Também lá dizia, saliente-se que com uma espécie de linguagem de “sete e quinhentos”, que a “geminação de cidades é um conceito – e uma prática – que tem como objetivo criar relações e mecanismos protocolares, essencialmente a nível económico e cultural, através dos quais as cidades de áreas geográficas ou políticas distintas estabelecem laços de cooperação”.
A clarificação está um bocadinho para o alambicado, mas percebi! Leopoldo foi à China para ver se conseguia de lá trazer mecanismos protocolares, económicos, culturais e laços de cooperação.
Aliás, explica-se ainda no sítio da Câmara que “Na Europa, estas paridades são designadas por cidades gémeas ou geminadas, enquanto no Brasil e nos Estados Unidos da América este processo designa-se por cidade irmã. Geralmente, as cidades gémeas têm características semelhantes (demográficas, por exemplo) ou pontos e referências históricas comuns.”
Foi então que, pelo menos para mim, tudo ficou baralhado – para si não sei! – pois não são assim tão evidentes as semelhanças entre Castelo Branco e Zhuhai (“Mar de Pérola”), que é uma cidade chinesa com mais de 1,5 milhões de habitantes (dados de 2010), localizada na província de Guangdong, no Sul da China e faz fronteira com a Região Administrativa Especial de Macau a Sul. Tornou-se uma cidade autónoma em 1979 e no ano seguinte uma Zona Económica Especial, com uma área total de 1.653 km2, incluindo 146 ilhas e uma linha de costa com 690 km de comprimento.
Estando “na cara” que as disparidades de Zhuhai com a n/ pacata cidadezinha, onde nada acontece, são inelutáveis, o que é que Leopoldo lá foi fazer?
Porque é que o senhor presidente se deu à canseira de uma viagem tão descomunal para não trazer de lá nada que se veja. Ou então até trouxe e não quer dizer nada para que as câmaras aqui ao lado não fiquem roídas de inveja e corram também elas, de mão estendida, para o nosso amigo da China.
Bem sabendo que “o segredo é a alma do negócio”, é realmente desconsolador não podermos perceber as vantagens, para nós munícipes ou para a cidade, que estão aí para vir, pois tem de ser evidente que Leopoldo “y sus muchachos” não enfrentaram tamanha lonjura só para passear.
Ninguém que os conheça, acreditaria em tal aleivosia!