Dois homens, à esquerda está Luís Correia e à direita Jorge Pio, vereadores do Sempre - Movimento Independente de Castelo Branco, sentados atrás de uma mesa e à frente de um cartaz verde com a logo do partido Sempre.

Inoperância de Leopoldo Rodrigues está a travar o regadio da Gardunha Sul, critica o Sempre

O vereador Luís Correia do Sempre – Movimento Independente acusou o presidente da Câmara de Castelo Branco de “inoperância” em relação à barragem do Barbaído e ao regadio, em conferência de imprensa, na segunda-feira, 26 de agosto.

“Muito provavelmente, nem a barragem do Barbaído, nem o regadio ao sul da Gardunha serão concretizados”, concluiu o líder da oposição, após o presidente da Câmara de Castelo Branco ter afirmado que “só admite equacionar a construção dos equipamentos necessários para o regadio Gardunha Sul, depois de garantida a construção da barragem do Barbaído” ao jornal Reconquista, no dia 22 de agosto.

Luís Correia criticou o atual autarca por estar a repetir, em 2024, o mesmo que disse em 2021, quando iniciou o mandato. As construções do regadio da Gardunha Sul e da barragem do Barbaído estão “no mesmo ponto que no início do mandato”. 

Desde a campanha para as autárquicas, Leopoldo Rodrigues declara a intenção de concretizar a barragem do Barbaído e condiciona o avanço do regadio na Gardunha Sul à garantia de uma barragem de apoio ao Bloco da Rega da Marateca.

Passados três anos do mandato e da aprovação do investimento europeu para o regadio da Gardunha Sul, Leopoldo Rodrigues continua a impedir o avanço da obra devido ao risco de falta de água. Estudos que prevêem as alterações climáticas, caso a barragem da Marateca seja aproveitada para a agricultura, além do consumo humano.

O partido de oposição defende que “para a concretização de tamanhos projetos, muito trabalho já se deveria ter feito e muito se deveria estar a fazer, o que não se verifica de todo”. Luis Correia, presidente da Câmara de Castelo Branco pelo Partido Socialista (PS) na altura da proposição do regadio, alertou para a perda dos fundos aprovados, acrescentando que o atual autarca tem “pouca capacidade de os captar”.

O Aproveitamento Hidroagrícola da Gardunha Sul – Bloco da Marateca foi aprovado no Programa Nacional de Regadios, em janeiro de 2021, garantindo o financiamento de 15 milhões do Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa (CEB), através do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP).

Dos oito projetos aprovados no PN Regadios, o Município de Castelo Branco é o que possui o apoio de valor mais alto. Valpaços é o segundo município com apoio superior a 10 milhões de euros e, assim como o regadio da Gardunha Sul, está em fase de validação desde 2022. Os restantes seis projetos de regadio estão em fase de contratação e homologação, segundo o aviso atualizado no início deste mês.

O Município do Fundão investiu mais de 200 mil euros em serviços de consultoria e elaboração de projeto no âmbito do Aproveitamento Hidroagrícola Gardunha Sul – Bloco da Marateca. O autarca fundanense, Paulo Fernandes, disse estar a esperar a decisão de Castelo Branco em reunião com o atual ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes.

Fantasmas do medo

Ao afirmar que “em nenhuma circunstância o Município aceitará qualquer projeto de regadio que ponha em causa o abastecimento de água para consumo humano” ao semanário albicastrense, Leopoldo Rodrigues está a “lançar fantasmas do medo” como distração à “incapacidade de concretização”, afirmou Luís Correia, durante a conferência de imprensa.

A oposição sublinha a permanência do discurso do autarca no medo de faltar água. Com a obra do regadio condicionada e com a ausência de informações sobre a barragem do Barbaído, da qual desconhece-se o orçamento, a capacidade e os objetivos, o presidente da Câmara de Castelo Branco voltou “a dizer que a barragem só avança depois de ouvir o povo”. Para o vereador do Sempre, Leopoldo Rodrigues deve “passar à ação e deixar de desculpas”.

“A primeira responsabilidade de um presidente é informar as pessoas”, reforçou Luis Correia. O vereador do Sempre considera ser perigoso esta posição vinda de um presidente de Câmara. “Não pode criar medos, dizer que pode haver uma possível falta de água sem concretizar a informação sobre essa matéria”, conclui.

O Sempre não se posicionou sobre o regadio, assim como Luis Correia não expressou opinião sobre a viabilidade deste em específico, antes disso o ex-autarca considera ser necessário ter uma “posição conjunta das pessoas que pertencem ao Movimento Independente”.

Questionado sobre ter apoiado o regadio no Bloco de Rega da Marateca no passado, Luis Correia respondeu que a informação que possuía na altura em que apoiou o projeto não é a mesma informação que pode haver hoje, às quais o vereador não teve acesso.

Em 2021, a equipa técnica do projeto Regadio Gardunha Sul reiterou em nota que “o projeto de regadio aprovado e em execução garante em 100% o abastecimento de água para consumo humano”. Este seria “um axioma”, uma proposição tão evidente que não precisaria ser demonstrada, pois o projeto de regadio do Bloco da Marateca nunca seria aprovado e homologado se tal condição não se verificasse”.

A barragem da Marateca prevê o abastecimento urbano e o aproveitamento hidroagrícola desde a própria criação em 1991, reafirmou o Ministério da Agricultura e da Alimentação em 2023. Na altura, Maria do Céu Antunes garantiu à imprensa local que o órgão “está empenhado e continua a trabalhar com as autarquias de Castelo Branco e do Fundão no sentido que exista complementaridade nos diversos usos da água da barragem de Santa Águeda”.

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