A exposição “Entre Fios – Vidas e Memórias, Bordando a Criatividade” foi oficialmente inaugurada na passada sexta-feira, dia 9 de maio, na Biblioteca Municipal António Salvado, em Castelo Branco. O evento apresenta seis peças únicas que resultam da fusão artística entre o Bordado de Castelo Branco e o Bordado do Nordeste Brasileiro.
Estas obras foram criadas no âmbito de um workshop intensivo realizado ao longo de uma semana na Fábrica da Criatividade. Dez bordadeiras participaram neste projeto: seis portuguesas, provenientes do Município de Castelo Branco, e quatro brasileiras, oriundas dos Estados da Paraíba e de Alagoas. Juntas, partilharam saberes e técnicas, estabelecendo uma ponte entre duas tradições têxteis de valor patrimonial e cultural inegável.
As peças foram bordadas sobre capas evocativas do mundo rural, tendo como base a emblemática Colcha dos Cinco Sentidos. A combinação de linha de seda e linha de algodão deu forma a trabalhos de grande valor estético e simbólico, fundindo tradição e criatividade numa linguagem comum de fios e cores.
Esta exposição não se limita ao território albicastrense. De natureza itinerante, “Entre Fios” está pensada para circular pelas cidades que integram a Rede de Cidades Criativas da UNESCO, na categoria do Artesanato e das Artes Populares, promovendo assim uma partilha alargada deste diálogo cultural e artístico.
O conceito do projeto nasceu no início deste ano, no seio do primeiro Conselho Ibero-Americano das Cidades Criativas da UNESCO, realizado em João Pessoa, no Brasil. Foi desenhado por Patrícia Coelho, Vereadora da Câmara Municipal de Castelo Branco, e Susana Farinha, Chefe de Divisão da mesma autarquia. Segundo Patrícia Coelho, o objetivo passou por criar um momento internacional de encontro em torno do bordado, colocando artesãs de diferentes origens a colaborar diretamente, lado a lado, num exercício criativo exigente e enriquecedor.
Mais do que uma exposição, “Entre Fios” afirma-se como um espaço de intercâmbio e de reinvenção da tradição. Assume o propósito claro de promover o Bordado de Castelo Branco e de projetar o seu valor patrimonial num contexto mais vasto, abrangendo a dimensão ibero-americana e internacional. A iniciativa sublinha o papel do artesanato como motor de identidade, memória e inovação.
Leopoldo Rodrigues, Presidente da Câmara Municipal, elogiou a qualidade e a diversidade dos trabalhos expostos, considerando a exposição uma oportunidade promissora para dar continuidade à valorização do património têxtil local. O autarca defendeu que esta interação entre culturas e técnicas “acrescenta valor e alarga horizontes” à cidade, reforçando o seu reconhecimento enquanto Cidade Criativa da UNESCO.
A sessão contou ainda com a presença de representantes do Conselho Iberoarte, da Secretária de Estado do Turismo e do Desenvolvimento Económico da Paraíba, Rosália Lucas, e da Gestora do Programa do Artesanato Paraibano, Marielza Rodriguez, evidenciando o interesse político e institucional num projeto que une culturas, gerações e territórios por meio da arte de bordar.
