Parabéns Castelo Branco! No passado dia 31 de outubro de 2023 a cidade de Castelo Branco foi integrada, por decisão de um júri internacional, na Rede Mundial de Cidades Criativas da Unesco. O sucesso deste projeto resultou da conjugação de três elementos: crença, resiliência e foco. Uma equipa constituída por um número muito pequeno de pessoas ousaram acreditar (desde a primeira hora) e interpretar a importância e as vantagens competitivas que podem advir da integração de Castelo Branco neste enorme “palco” mundial. O trabalho permanente conjugado com as atividades correntes, evidenciou uma enorme capacidade destes membros trabalharem em equipa apontando para o objetivo maior que passava pelo sucesso da candidatura e, consequentemente, pela valorização da criatividade e das artes em Castelo Branco. Recordo bem, e não esqueço, as horas de trabalho e os períodos de férias interrompidos para assinar este ou aquele documento que fazia falta para levar a bom porto as iniciativas subjacentes à candidatura.
Para alcançar os resultados hoje conhecidos, foi necessário resiliência e foco, um trabalho estruturado, evidentemente planeado, onde foram analisadas as várias problemáticas que podiam causar este ou aquele efeito. As inúmeras reuniões internas e externas, o permanente “brainstorming”, uma liderança de proximidade, construtiva, dialogante e assertiva mostraram, uma vez mais, que só assim se pode trabalhar e que o isolamento individual nada pode contra um poderoso trabalho em equipa. Continuo a afirmar que os nossos territórios apenas têm futuro se o trabalho colaborativo passar a ser a regra e não a exceção, em nome do superior interesse dos cidadãos Albicastrenses.
Esta equipa que trabalhou, como era sua obrigação, para os Albicastrenses foi construindo e alimentando a rede criativa de Castelo Branco ao longo do tempo de construção da candidatura. A relação de proximidade com os nossos parceiros estratégicos constituiu um dos nossos principais argumentos: a relevância de instituições como a APPACDM, a Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco, o departamento de Design da Universidade da Beira Interior, o Instituto de Emprego e Formação Profissional, a Albigec, a Fábrica da Criatividade, o Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco, o Museu Francisco Tavares Proença Júnior, sem esquecer a Sociedade dos Amigos do Museu que valorizam esta instituição âncora do mapa cultural regional e nacional, o Museu da Seda, os serviços da Câmara Municipal e os seus funcionários e dirigentes, os meios de Comunicação Social, enfim, os Albicastrenses são os responsáveis pela construção desta oportunidade histórica da integração de Castelo Branco na Rede Mundial de Cidades Criativas da Unesco.
Castelo Branco lançou-se nesta “aventura” e viu, agora, reconhecida a sua importância mundial. O principal argumento foram os nossos artistas e a sua criatividade, com especial destaque para o bordado de Castelo Branco e as suas bordadoras. Como todos sabemos, esta é uma arte secular e, a meu ver, o nosso maior símbolo identitário. Os bordados de Castelo Branco representam bem a expressão identitária e criativa da nossa região e concelho.
Agora, passamos a ter uma enorme exposição mundial do bordado de Castelo Branco, mas também de toda a indústria cultural e criativa cujo objetivo passa pelo desenvolvimento deste território apostando numa economia de proximidade e do conhecimento. Castelo Branco, faz agora parte de um grupo restrito de Cidades Criativas da Unesco que no ano de 2023 teve na nossa localidade a única representante portuguesa a ser integrada.
A entrada na Rede associa um caderno de encargos e traz maiores responsabilidades e mais trabalho no que às grandes questões globais, que se sentem localmente, dizem respeito. Castelo Branco assumiu este compromisso pelo qual lutamos e nos regozijamos com o resultado alcançado. Mas tudo isto só foi possível com planeamento, resiliência, crença e foco, de outro modo não teria sido possível, por mais narrativas que, hipoteticamente, possam circular.
Como já afirmei, esta rede tem como propósito, entre outros, fomentar a cooperação e o desenvolvimento económico através da partilha das singularidades dos territórios” e para tal é preciso conhecer e dar-nos ao conhecimento. Acredito que estes territórios, e particularmente Castelo Branco, têm futuro se for possível conjugar a tradição com a inovação. Há, por isso, há muito a fazer no que respeita à multiplicidade de dimensões que verificamos existirem no âmbito da definição estratégica da criatividade, nomeadamente, a inclusão social, a importância da consciencialização das crianças mais novas para estas matérias, a valorização económica da criatividade, o bordado na moda, as múltiplas utilizações que podemos associar ao bordado de Castelo Branco, enfim, um conjunto de dimensões que podem e devem ser explorados assentes numa fusão de conceitos maiores: a criatividade, sustentabilidade e desenvolvimento territorial.
Agora que festejamos é tempo de “regressar” ao trabalho e fomentar as pontes que pretendemos desenvolver com o objetivo de projetar mais e melhor a nossa comunidade e todos aqueles que a integram com destaque para as artes e ofícios, as indústrias culturais e criativas, a mobilidade e o turismo. A Rede Mundial de Cidades Criativas onde Castelo Branco se integra significará aquilo que os agentes do território pretenderem que ela seja.
Obrigado Castelo Branco, esta distinção é uma oportunidade histórica que vos pertence e resulta de um trabalho coletivo intenso onde todos temos também a responsabilidade de manter e potenciar.
Helder Henriques