Costa lava mais branco!

Do imobilismo (tão socialista), à lavagem da imagem.
Quem tenha prestado atenção às notícias dos últimos dias e desconheça – ou se tente
esquecer – do que se passou ainda há meia dúzia de dias, é bem capaz de ficar com a
ideia de que António Costa só se terá demitido por causa de uma frase injusta num
comunicado da Procuradoria-geral da República.
A vitimização pode dar muito jeito ao Partido Socialista e ao futuro político de Costa,
mas não é honesta.

Convém não esquecer que ainda não fez mês e meio desde que foram apreendidos 75
mil e 800 euros, em notas, no escritório do chefe de gabinete de António Costa, situado na
residência oficial do primeiro-ministro.
Também que os investigadores que fizeram a apreensão do dinheiro, por motivos de
ordem legal, foram obrigados a realizar as buscas exclusivamente no espaço de
trabalho utilizado pelo chefe de gabinete de Costa, pois o primeiro-ministro tem direito
a um tratamento judicial especial, pelo que, qualquer busca judicial ao espaço por si
utilizado, teria de ser previamente autorizada pelo presidente do Supremo Tribunal de
Justiça.
Sucede que a nomeação do qualquer chefe de gabinete é das que envolve maior
confiança pessoal por parte do Primeiro-ministro. Assim, a descoberta de tal
quantidade de dinheiro na sala ao lado da de António Costa, mesmo que ele não
tenha nada a ver com o dinheiro, não poderia deixar de chamuscar fortemente a
imagem política do Primeiro-ministro.
É claro que alguém veio logo à praça pública jurar a pés juntos que o dinheiro tinha a
ver com “atividade profissional anterior” do visado chefe de gabinete, e, por isso, não tinha
“rigorosamente nada que ver com o objeto dos autos”, onde estão em causa suspeitas
de ilícitos criminais relativos ao projeto de produção de hidrogénio e no licenciamento
de algumas explorações de lítio.
Podemos acreditar que o dinheiro tinha sido levado durante anos para a residência
oficial do Primeiro-ministro, às escondidas, em molhos pequenos de notas de vinte
euros e sem ninguém saber, apenas pelo receio de que a tramoia fosse descoberta no
caso da PJ se lembrar de ir fazer buscas à casa do chefe de gabinete, mas também
podemos não acreditar, e até achar abstruso que alguém, quase quatro anos depois
de ter sido nomeado para secretariar António Costa, ainda tivesse em seu poder ou
andasse a receber por-fora dinheiros do que fazia antes.
Independentemente desta questão, porque o “diz-me com quem andas, dir-te-ei quem
és” também se aplica aos Antónios desta vida, gostem eles ou não das
consequências, depois porque ainda corre o inquérito no Supremo por alegado
envolvimento de Costa nos processos do lítio e do hidrogénio, não foi seguramente o
comunicado da procuradoria a motivar a demissão do Primeiro-ministro, que “em boa
hora se vai embora” porque, convenhamos, era difícil ter feito pior em oito anos de
governação, numa trajetória que só trouxe empobrecimento ao país, por muito que a
propaganda governamental nos queira fazer acreditar no contrário.
No que se refere à governação socialista, o rei vai nu! Vai descalço, despojado,
descabelado e exemplos disso é o que não faltam, sentimo-lo todos os meses, com o
dinheiro a ficar cada vez mais curto e o Banco de Portugal a avisar-nos que o pior
ainda está para vir.
Um pequeno exemplo: A Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde noticiou no
sábado que, esta semana, haverá no país 67 especialidades médicas com problemas,
o que significará 33 urgências com constrangimentos, porque os hospitais não
conseguiram preencher as escalas na sua totalidade.
Na região Centro, serão oito as unidades com constrangimentos, a saber, a Unidade
Hospitalar de Viseu, a Unidade Hospitalar da Guarda, a Unidade Hospitalar de Aveiro,
a Unidade Hospitalar de Águeda, o Hospital Distrital da Figueira da Foz, a Unidade

Hospitalar de Leiria, o serviço de urgência básica do Centro de Saúde de São Pedro
do Sul, e, como não podia deixar de ser, também a Unidade Local de Saúde de
Castelo Branco.
Portanto, enquanto não tivermos outro governo tente não ficar doente porque a cura é
incerta e na segurança social anda tudo atrasado, sobretudo as reformas mas os
subsídios de funeral também.

Álvaro Batista

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