O acordo entre os Serviços Municipalizados de Castelo Branco (SMCB) e o matadouro Oviger, celebrado no dia 22 de abril, autoriza o início das obras em maio deste ano. A primeira intervenção será a nível do controlo da estação de tratamento da Oviger, seguida pela ligação da mesma à Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcains.
Com prazo de 60 dias, a obra prevê o fim do mau cheiro e da poluição da ribeira da Líria, que incomoda a população de Alcains há 50 anos, desde a instalação do matadouro. Sonia Mexia, administradora dos SMCB detalha as etapas do projeto em andamento, “a obra permitirá fazer esse controle junto à estação de tratamento da Oviger e, numa segunda fase, é construído aqui um coletor que irá permitir ligar o coletor da Oviger aqui à estação elevatória da Águas do Vale do Tejo. Esses efluentes, depois de ligados aqui, passarão a ser tratados na ETAR de Alcains. Portanto, aquela descarga que existe aqui na Ribeira da Líria, proveniente da Oviger, deixará de ocorrer”.
O custo da obra, avaliado em 50 mil euros, será dividido entre os serviços municipalizados e a empresa. Leopoldo Rodrigues, presidente do conselho de administração dos SMCB, esclarece que “a empresa Oviger fez uma contratação de serviço aos serviços municipalizados, porque compete-lhes assumir uma parte daquilo que é a intervenção”.

A empresa Oviger compromete-se a cumprir os parâmetros estabelecidos para a descarga directa dos efluentes na estação elevatória com a assinatura do contrato. André Araújo, presidente do conselho de administração da Ovider e do grupo Fortuna, que adquiriu 100% das cotas do matadouro há dois anos, afirma que “há uma parte monetária com a qual a Oviger também vai colaborar e o compromisso é, no futuro, cumprir os parâmetros que estamos obrigados a cumprir”.
Ciente da complexidade do projeto, André Araújo declara que “é normal numa situação destas que possa surgir algum imprevisto, mas o nosso compromisso é sempre de colaborar”. O presidente do conselho de administração do grupo Fortuna diz que esta foi também uma iniciativa da empresa, “a partir do momento em que recebemos estas queixas e que percebemos o descontentamento da população, tentamos reunir com a junta de freguesia e com a Câmara Municipal para colaborar e ver da nossa parte o que podia ser feito para resolver este problema”.

Lourdes Santos mora há 33 anos em Alcains, a cerca de 100 metros da Oviger, e relata a convivência diária com o problema, “a minha casa é sempre um cheiro, principalmente no verão, a partir das dez da noite, há muitos mosquitos e temos de fechar as janelas e as portas por causa do cheiro”.
Para o presidente da autarquia, Leopoldo Rodrigues, a descarga da água com sujidade na ribeira da Líria ultrapassa a questão social, afetando o ambiente e a própria atividade da indústria, “com esta obra, vamos resolver essa situação (ambiental) e depois vamos também criar condições à empresa para que continue a exercer a sua atividade na freguesia de Alcains, no concelho de Castelo Branco”.
A assinatura do contrato no dia 22 de abril é resultado de dois anos de estudos e negociações que envolveram a Empresa Portuguesa de Águas Livres (EPAL), responsável pela gestão das Águas de Lisboa e Vale do Tejo, e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA). A cargo da Câmara Municipal e dos Serviços Municipalizados, foi realizado “um conjunto de reuniões com as entidades que têm competência em primeiro lugar para recolher as águas na sua estação de tratamento, porque não se tinha conseguido encontrar um acordo que permitisse isso, e foi necessário termos autorizações por parte de outras entidades, além de chegar a um acordo também com a empresa, no sentido de estabelecer compromissos”.
“Hoje estamos cá, o problema ainda não está resolvido, mas acho que já demos um passo muito grande para resolução do problema”, declara o representante da Oviger. “Demorou dois anos, eu sei que é muito tempo para quem está à espera, mas para nós foi tempo mais que útil para termos a certeza de que estamos a fazer o que deve ser feito”. André Araújo sente-se seguro de que a ação “vai ficar para os anos seguintes e vamos resolver o problema destas pessoas todas e também da Oviger, porque a Oviger, acima de tudo, quer ser uma empresa de referência pela positiva e não pela negativa”.
Moradores de Alcains estiveram presentes durante a cerimónia de assinatura do contrato, relatando os anos de luta pelo fim do problema da poluição da ribeira da Líria. Entre eles, estava Francisco Esteves, que assistiu às declarações confiante de que o problema resolver-se-á depois de 50 anos.


Isabella Cavalcanti
Eu considero que o Presidente é bom.Todas estas reivindicações secalhar deviam estar feitas. O grande problema é que nas decadas anteriores, demoliram, o que servia bem e fizeram obras desnecessárias e mal feitas. Assim os problemas que existem já deviam estar resolvidos, a muitos anos.