Os oito municípios associados à Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIMBB) passam a integrar uma rede de 280 cidades, distribuídas em cinco continentes, comprometidas com o desenvolvimento e a implementação de sistemas alimentares sustentáveis com a assinatura do Pacto de Milão realizada no Dia Mundial do Ambiente, 5 de junho, no Centro de Empresas Inovadoras (CEI) de Castelo Branco.
Antes de João Lobo, presidente do conselho CIMBB e da Câmara de Proença-a-Nova, assinar o protocolo, Inês Brandão, investigadora do Centro de Apoio Tecnológico Agro Alimentar (CATAA), apresentou o Pacto de Milão como uma grande oportunidade de “colocar-nos no mapa mundial e contribuir para uma maior resiliência do nosso país”.
O ingresso no Pacto de Milão era uma das ações previstas no projeto Fusilli, trazido pelo CATAA para Castelo Branco em parceria com o Município e o InovCluster. Um dos objetivos, segundo Inês Brandão, é “partilhar as nossas boas práticas do agroalimentar com outras cidades nos cinco continentes e poder continuar a trilhar este caminho que foi iniciado com o Fusilli”, projeto eleito como exemplo em prol da agenda do FOOD 2030 pela Comissão Europeia.
Integrar esta rede mundial de cidades também permite aos municípios da Beira Baixa estabelecer parcerias com os signatários do Pacto de Milão em Portugal – Torres Vedras, área metropolitana de Lisboa e Funchal -, na Europa e no mundo, estudando a agenda climática e agroalimentar em conjunto com a cidade de Milão. “É estratégico que nós nos unamos a eles”, argumentou Inês Brandão.
Com a assinatura do Pacto de Milão, os Municípios de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Oleiros, Penamacor, Proença-a-Nova, Sertã, Vila de Rei e Vila Velha do Ródão comprometem-se a desenvolver sistemas alimentares sustentáveis e resilientes, a fornecer alimentos nutritivos e acessíveis a todos, protegendo a biodiversidade e lutando contra o desperdício de alimentos.
João Lobo, presidente da CIMBB parabeniza o município de Castelo Branco “porque é através dela (Câmara) que a comunidade intermunicipal se agrega com os restantes municípios, este trabalho que deve ser em conjunto e também ele sustentável, em rede”.
O Pacto de Milão representa para o autarca de Proença-a-Nova uma oportunidade de “nas cidades, criar alimentação, contrariar o desperdício, e naquilo que hoje está muito em voga, a economia circular e os resíduos serem valorizados e tornarem-se subprodutos”.
Castelo Branco está a dar seguimento na estratégia de melhoria da produção, do consumo sustentável e da valorização dos alimentos dentro do setor agroalimentar com a adesão ao pacto internacional, afirma Leopoldo Rodrigues, presidente da Câmara de Castelo Branco.
Apesar de ser um acordo não vinculativo, sem força legal obrigatória, Inês Brandão cobra dos atores políticos que o pacto “efetivamente seja tornado realidade, que se façam coisas a sério”.
A Organização das Nações Unidas (ONU) prevê, em 2050, “70% da população mundial esteja na verdade a viver em zonas urbanas, portanto temos aqui uma grande pressão para alimentar estas pessoas”, segundo a investigadora especialista em Bioquímica e Biologia Molecular.
“Mais de 50% da população mundial vive atualmente em áreas urbanas, uma proporção que se prevê que aumente para quase 70% até 2050”, de acordo com a ONU. Nesse sentido, Inês Brandão alerta que “as cidades têm que entrar com um papel ativo no agroalimentar”.
A ratificação do protocolo contou com a participação do secretário da Área Metropolitana de Lisboa, Filipe Ferreira, que partilhou a experiência de uma das três cidades signatárias portuguesas do Pacto de Milão, durante o Workshop “Qualidade ao Serviço dos Sistemas Alimentares Locais”, organizado pelo CATAA, em parceria com o InovCluster e a Câmara de Castelo Branco.