Até a quinta-feira desta semana, 31 de outubro, decorre no auditório do Centro de Cultura Contemporánea de Castelo Branco (CCCCB) o II Fórum Iberoamericano de Cidades Criativas. Na manhã desta segunda-feira, dia 28 de outubro, a cerimónia de abertura acolheu as comitivas de Portugal, do Brasil, do Equador e do Chile, convidadas a partilhar as experiências de valorização dos territórios a partir desta Rede da UNESCO.
Como país convidado, o Chile traz à cidade albicastrense especialistas de quatro Cidades Criativas chilenas para apresentar as experiências em Chillán, Valparaíso, Frutillar e na região de Los Ríos, durante a manhã da terça-feira, 29 de outubro.
“As dinâmicas culturais e criativas chilenas têm assumido destaque no panorama internacional”, afirmou o vice-presidente da Câmara de Castelo Branco e coordenador do projeto Castelo Branco Cidade Criativa, Helder Henriques, ao agradecer os contributos “para repensar os cotidianos culturais e criativos dos nossos territórios”.
Os quatro dias do fórum propõe o “debate, a reflexão e a partilha de conhecimento e também de bem fazer” no âmbito do desenvolvimento das atividades ligadas à criatividade, que permitem “gerar valor” nos diferentes territórios do mundo, expressou o presidente da Câmara de Castelo Branco.
O intuito é “projetar Castelo Branco no mundo” a partir da criatividade, da arte e da cultura, enfatizou Helder Henriques. A cidade albicastrense possui diversidade na oferta de equipamentos culturais, está conectada a redes internacionais e promove o património com um calendário de eventos, mas o vereador descreveu ser ainda necessário “afirmar o saber fazer e o território no mundo, além de criar condições para o desenvolvimento das indústrias culturais e criativas”.
“Castelo Branco, como uma Cidade Criativa, assume o desígnio do desenvolvimento e do progresso através da cultura, do património e das artes”, afirmou o coordenador da candidatura. A integração de Castelo Branco na Rede de Cidades Criativas da UNESCO “constituiu uma janela de oportunidade para criar mais-valias, valorizando as nossas artes e ofícios, através da criação de condições que permitam o desenvolvimento dos seus trabalhos”, para Helder Henriques.
A Rede de Cidade Criativas da UNESCO comemora 20 anos de atividade em 2024, com 300 membros, dos quais dez são portugueses e quatro estão na região Centro. Além de Castelo Branco a integrar a rede com o bordado homónimo na categoria de Artesanatos e Artes Populares desde 2023, estão Covilhã, Idanha-a-Nova e Leiria também como Cidades Criativas, nas categorias de Design e Música.
Como método de trabalho, a rede propõe o colaborativismo, a partir da partilha de boas práticas e da colaboração em ações e programas conjuntos. “Nesse sentido, permite desenvolver políticas públicas para incluir socialmente, no setor público e em diálogo com o setor privado, promover a criação, a produção, a difusão e a disseminação cultural”, referiu Hélder Henriques.
A especialista mundial em Cidades Criativas, Ana Carla Fonseca, apresentou exemplos de projetos criativos na França, na Argentina e no Brasil, que propuseram soluções inovadoras para problemas dentro das sociedades e dos espaços públicos.
Para a administradora pública, economista, mestre em Administração e Doutora em Urbanismo, autora da primeira tese sobre cidades criativas no Brasil, os “Sete passos para a criatividade e o desenvolvimento caminharem juntos” são: “reinventar-se continuamente”, “conectar a cidade a si mesma”, “descortinar as histórias dos cidadãos”, “apostar na educação empreendedora”, “trabalhar complementariedades regionais”, “embarcar no fluxo” de turistas de Lisboa, atraindo-os para o interior, e “conectar a cidade ao mundo”.
Cultura como ferramenta de progresso em Castelo Branco
Neste momento, encontra-se em fase de Consulta Pública o processo de inscrição do Bordado de Castelo Branco no Inventário Nacional do Património Cultural e Imaterial. A candidatura foi realizada pela Câmara de Castelo Branco, sob a coordenação de Helder Henriques.
Leopoldo Rodrigues defendeu a importância desta atividade criativa “como um elemento cultural, mas também um elemento de dinamização económica” e afirmou que está a ser realizado “um trabalho de continuidade de valorização do Bordado de Castelo Branco, que tem séculos de história e marca este território”.
Foram iniciados outros processos de tombamento de património imaterial no concelho, como o do Bolo de São Sebastião e da Viola Beiroa, citou Hélder Henriques.
Outros prémios recebidos recentemente pelo município no âmbito do turismo e da criatividade, foram de segundo melhor filme na categoria Human Life, além de dois terceiros lugares em “Poetry and History” e em “Short Documentary and Travel”, no Festival Film, Art and Tourism, realizado no Brasil, para o vídeo promocional da candidatura de Castelo Branco à Rede de Cidades Criativas da UNESCO.
Na Turquia, o mesmo vídeo foi um dos três filmes vencedores do 9° International Tourism Film Festival. A colocação final será divulgada na cerimónia de premiação, daqui a dois dias, 31 de outubro.
Recentemente, o município subscreveu o Manifesto de Braga pela integração da cultura como um objetivo autónomo na agenda para o Desenvolvimento das Nações Unidas após 2030. Tal como foi defendido na maior conferência mundial dedicada à cultura, a MONDIACULT 2022, a proposta é promover a cooperação internacional, o intercâmbio de conhecimento e projetos entre cidades de todo o mundo, com o “reconhecimento universal e a proteção do direito de todos os cidadãos a terem o acesso inclusivo e equitativo à cultura”, avançou Hélder Henriques.
Desde novembro de 2023, quando se tornou parte da rede da UNESCO, o município continuou a alimentar redes de trabalho, promovendo Castelo Branco em eventos e fóruns nacionais e internacionais. Em conjunto com o Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), foi formada uma pós-graduação em Indústrias Criativas e Inovação, assim como de uma micro credenciação em restauro têxtil com o propósito de salvaguarda do bem cultural, neste caso o Bordado de Castelo Branco.
Junto com as restantes Cidades Criativas do Centro, em um processo liderado pela cidade de Covilhã, Castelo Branco solicitou à CCDR Centro e a Entidade Regional do Turismo do Centro a abertura de um mecanismo que permitisse apresentar uma candidatura ao programa Centro 2030, pela primeira vez, para o financiamento dedicado e especializado para a Rede de Cidades Criativas da UNESCO, revelou o vice-presidente da autarquia albicastrense.