Os quatro dias de partilha de experiências dentro da Rede de Cidades Criativas da UNESCO, no II Fórum Iberoamericano, contribuíram para o município albicastrense estreitar as relações com gestores culturais do Chile, Equador, Brasil e Portugal. “Saíram daqui muitas ideias e possibilidades de trabalho futuro já com um grau de maturidade grande”, avançou Hélder Henriques, vice-presidente da Câmara de Castelo Branco, após a sessão de encerramento no Centro de Cultura Contemporánea (CCCCB) ao CB Notícias.
Durante o programa, de 28 a 31 de outubro, houve oportunidade para reunir os participantes do II Fórum Iberoamericano com algumas das instituições de Castelo Branco. Estes já “estão a começar a trabalhar em alguns projetos, com o intuito de estabelecer protocolos de cooperação”, afirmou Hélder Henriques.
“Todas as Cidades Criativas que participaram do encontro mostraram-se disponíveis para pensar em formas de cooperar com a Câmara de Castelo Branco, quer por via do artesanato e das artes populares, quer pelo cruzamento desta categoria com a música, as media artes e outras formas artísticas”, revelou o vice-presidente da autarquia.
O município albicastrense está a apostar na “arte como um instrumento estratégico de desenvolvimento”, definiu o coordenador da candidatura à Rede da UNESCO, Hélder Henriques. O fórum foi “um momento importante, não só pelo que já pode representar a breve trecho, mas sobretudo por um caminho que se está a desenvolver no âmbito da Rede de Cidades Criativas. Se todos quiserem, a criatividade, a cultura, o património e a proteção desse património podem ser uma âncora de desenvolvimento para o território”, afirmou.
Criatividade, motor de desenvolvimento e de promoção do território
“Castelo Branco é uma cidade completa em termos culturais, mas temos condições para ir mais além”, definiu o autarca Leopoldo Rodrigues durante o encerramento do II Fórum Iberoamericano de Cidades Criativas.
Há um conjunto de equipamentos culturais “de excelência e que estão ao serviço da população”, reforçou o presidente da Câmara. O CCCCB, o Museu da Seda, o Centro de Interpretação do Bordado, o Museu Francisco Tavares Proença Júnior, a Casa da Memória da Presença Judaica em Castelo Branco, o Museu Cargaleiro e a Fábrica de Criatividade resultam do investimento feito, ao longo do tempo, nas artes criativas do município.
A razão desta aposta na cultura deve-se a uma de três dimensões da cultura, observadas por Leopoldo Rodrigues em seu discurso, a dimensão económica. “As várias áreas da cultura permitem-nos essas viagens para outros lugares, outras dimensões e realidades, mas a cultura também é um fator de desenvolvimento e de promoção económica”, disse.
Do ponto de vista do atual executivo municipal, o próximo passo “para ir mais além” deve ser direcionado ao “aproveitamento das infraestruturas e dos equipamentos culturais” e à “afirmação de Castelo Branco também na cultura”.
“O território tem condição física e pessoas com esta capacidade criativa para desenvolver projetos, por isso equaciono numa bienal que possa abordar o tema do Artesanato e das Artes Criativas”, afirmou o presidente da Câmara.
A ideia inicial descrita por Leopoldo Rodrigues é de realizar mais um evento de Castelo Branco dentro da rede de Cidades Criativas da UNESCO com o objetivo de atrair criadores e criativos do mundo para o território albicastrense e, ao mesmo tempo, permitir aos criadores daqui projetar o próprio trabalho no mundo.
Além de ideias, ficam a literatura, a música e primeira Carta de Direitos Culturais chilena
O II Fórum Iberoamericano de Cidades Criativas, realizado em Castelo Branco, foi marcado pela experiência partilhada por representantes da Rede Nacional de Territórios Criativos do Chile. A delegação chilena, liderada por Teresa Díaz, diretora executiva da Rede, ofereceu duas prendas que cruzam a música com a arte da artista folclorista La Chinganera: um disco e o livro “Nunca más solas” de décimas sobre violência de género.
Teresa Díaz entregou também a primeira Carta dos Direitos Culturais do Chile, implementada em Concepción. Esta carta começou a ser trabalhada há 12 anos em Concepción, afirmou a diretora executiva, é um um guia para espaços culturais na gestão de projetos. Consideram que será de grande ajuda para Castelo Branco, que completou um ano como Cidade Criativa da UNESCO no mesmo dia do encerramento do Fórum, 31 de outubro.
Representantes das Cidades Criativas da Música de Frutillar, Valparaíso e Concepción, a mais recente, no Chile, partilharam suas práticas e projetos inovadores, destacando a importância da cultura e da economia criativa como motores do desenvolvimento local.
A pedido dos organizadores do evento, La Chinganera, representante cultural de Concepción, interpretou uma canção composta em homenagem a Víctor Jara. A artista chilena destacou a importância do legado do cantor e compositor para a América Latina, ressaltando a força da música como ferramenta de união entre os povos.