ATE exige territórios “de desenvolvimento e não de passagem” com a IC31

Cerca de 200 pessoas, entre representantes de entidades, autarquias e sociedade civil, reuniram-se em Castelo Branco para o II Encontro Ibérico da Aliança Territorial Europeia (ATE) Norte da Extremadura & Beira Baixa nesta segunda-feira, 21 de outubro. A reivindicação pela concretização do IC31, patente há muitos anos, está a retomar o fôlego com a perspetiva de colaboração entre agentes sociais e económicos dos dois lados da fronteira para o desenvolvimento económico, desde o Norte da Extremadura até ao Centro de Portugal.

Para além da antiga reivindicação de concretização da autoestrada IC31, que pretende ligar a A23 à fronteira com Espanha, de Alcains (Castelo Branco) às Termas de Monfortinho (Idanha-a-Nova), o II Encontro Ibérico foi marcado pela urgência da mudança do paradigma de ser uma das fronteiras menos desenvolvidas de toda a Europa.

“Esta é a fronteira menos desenvolvida em toda a União Europeia e queremos mudar o estado da situação, para passar a ser uma oportunidade de desenvolvimento dos territórios transfronteiriços”, declarou o presidente da Câmara de Idanha-a-Nova.

Armindo Jacinto enfatizou a necessidade de uma estratégia de desenvolvimento conjunto para representar “uma grande oportunidade de ajudar Portugal e Espanha a criar mais riqueza e mais emprego” e “é Portugal, e é Espanha, que têm que fazer um desígnio nacional para que estes territórios de facto contribuam”.

Entre às 16h e às 20h, realizaram-se painéis de discussão em torno da colaboração para criar ligações transfronteiriças entre poderes políticos locais e associações na Beira Baixa, no Norte da Extremadura e no Centro de Portugal.

Na mesa entre os produtores do setor agroalimentar, o azeite, a cereja e o mel surgiram como exemplos do aumento de escala a partir da união de pequenas produções. Ao nível do turismo, os empresários associados a atividades náuticas e fluviais debateram oportunidades de desenvolvimento económico e sustentável a partir da união entre as duas fronteiras.

A comunicação de todos os presentes passou, em diferentes tons, pelo cansaço de uma luta antiga. Leopoldo Rodrigues, anfitrião e autarca de Castelo Branco, enfatizou que “ao longo destes anos, tem havido compromissos”, mas “falta ver e ouvir as máquinas a trabalhar no terreno”.

O alcalde de Moraleja disse sentir-se desiludido pelas promessas não cumpridas. Ainda assim, Julio César Herrero assumiu agarrar-se à “mobilização das pessoas” ao movimento, que iniciou com 25 pessoas, em maio de 2024, e chegou a cerca de 200 nesse encontro. Este é um sinal de “que não desistiram de lutar por infraestruturas básicas para a nossa terra”, indispensáveis para a sobrevivência da região que está a perder população economicamente ativa, concluiu, arrebatando aplausos do público.

IC31 na Cimeira Ibérica e no Orçamento de Estado

A dois dias da Cimeira Ibérica, que decorre a 23 de outubro em Faro, João Lobo aproveitou para destacar o “manifesto interesse (do projeto da IC31) relativamente à zona transfronteiriça entre os dois países, aos países, tanto Portugal quanto Espanha, e à Europa”. O troço de cerca de 80 km que falta ser construídos da autoestrada traduz a ligação ibérica e europeia, necessária para alavancar oportunidades na região, afirmou o presidente da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIMBB).

Durante a Cimeira Ibérica, pretende-se “impor de maneira assertiva a atenção dos primeiros-ministros, espanhol e português, relativamente à execução deste compromisso” firmado pelo Governo de António Costa.

O autarca de Proença-a-Nova dirigiu-se aos deputados do PS e do Chega presentes no encontro para dizer que o valor de um milhão inscrito na especialidade da rúbrica orçamental “não chega para fazer o projeto que falta dos 44 km”. O Orçamento de Estado, que vai passar na generalidade e na especialidade, precisa ser reforçado “para, de facto, ter mais segurança quanto à efetividade de, em 2027, as máquinas estarem a trabalhar, como foi firmado no compromisso”, reiterou João Lobo.

“A mensagem em Faro será de levantar a bandeira da IC31. É tempo de escutar as máquinas a trabalhar”, declarou Francisco Martín. O porta voz do Movimiento Social Ciudadano (MSU-Norte Extremadura) cumprimentou o ex-autarca albicastrense Joaquim Mourão, sentado à frente do palco na primeira fila, com quem reivindicou pela mesma causa no passado.

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