As memórias do 25 de Abril vivas em arruada pelos 50 anos

Albicastrenses empunharam os cravos e entoaram os valores da democracia durante a Arruada da Liberdade na noite de 24 de abril, assinalando o início das comemorações do 50º Aniversário do 25 de Abril, em Castelo Branco.

Ao som dos grupos Os Vicentinos e Chibatas, cerca de 250 pessoas saíram da Praça 25 de Abril e caminharam pelas ruas do centro da cidade a celebrar as conquistas da Revolução dos Cravos, que pôs fim à ditadura do Estado Novo e marcou o início da vida democrática em Portugal.

Durante o percurso, recordou-se parte da história dos edifícios onde ocorreram as principais movimentações sociais e políticas que antecederam o golpe militar. O grupo passou em arruada pelos sítios onde ficavam o Quartel da Cavalaria n.° 8, a Assembleia de Castelo Branco, onde reuniam-se os partidos na altura do Estado Novo. Comentadas em um megafone, ouviu-se as memórias, por exemplo, do café Arcádia, onde “sentavam-se os que eram de direita, na esquerda e os de esquerda, na direita”.

Videorreportagem: Samuel Merighi / Texto: Isabella Cavalcanti

Marta Amoroso, professora do ensino básico, ressalta a importância de estar presente na comemoração, “eu vim porque achei que, finalmente, Castelo Branco tinha alguma iniciativa na noite do 24 de abril e é muito importante não esquecermos esta data e o que se conseguiu neste dia”.

O jovem albicastrense Duarte Torres foi à Arruada da Liberdade em busca de “conhecer o sentimento das pessoas e viver o 25 de Abril, ou reviver, para quem nunca o viveu”. O estudante de 21 anos, também demonstra preocupação com a garantia dos valores de Abril, “como tudo na vida, é fácil construir, mas é muito mais difícil manter”.

Já Amável Ferreira diz sentir que “hoje deveria estar nessa arruada, mesmo sendo de Penacova, Coimbra, eu senti, porque Portugal é o meu país”. O enfermeiro aposentado estava em visita turística com um grupo de amigos, que veio de todo o país em autocaravanas para celebrar a data em Castelo Branco.

As comemorações do 50.° aniversário do 25 de Abril estenderam-se a Alcains, com o concerto do Luís Garrito em “Canções de Abril” no dia 24, à mesma hora da arruada. Na quinta-feira, 25 de Abril, decorreu o hastear da Bandeira Nacional e o Hino nacional, pelas cinco filarmónicas do concelho, a exibição de estátuas vivas, a Corrida da Liberdade, a sessão solene comemorativa, a pintura de um mural e os concertos “Será Sempre Amanhã”, do Carlos Alberto Moniz com Pedro Branco, Silvestre Fonseca e o trio de jazz de Hugo Carvalhais, Gabriela Pinto e João Gomes, com o Orfeão de Castelo Branco como convidado.

O programa continua no dia 27 de abril, com a apresentação do livro A Revolução de abril, por Eduardo Marçal Grilo, e atuação dos Taxi. No dia 4 de maio, decorre o concerto Música e Poemas de abril, pela Sinfonieta de Castelo Branco.

Em julho, inaugura-se no centro cívico a exposição A Revolução de abril, no Liceu de Castelo Branco. Entre 9 e 16 de julho e 23 e 30 de julho, decorre um ciclo de cinema sobre o 25 de Abril, no Cine-Teatro Avenida de Castelo Branco. Já no dia 19 de julho, realiza-se o concerto A Mulher é uma Arma, também no Cine-Teatro.

Isabella Cavalcanti.

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