A construção de um pavilhão multiusos em Castelo Branco foi anunciada pela primeira vez em novembro de 2022, quando incluíram no orçamento do ano seguinte um investimento de 200 mil euros para a elaboração do projeto. Passados dois anos, o executivo albicastrense lançou o concurso público para planear a obra, que, “na melhor das hipóteses, estará pronta até o fim de 2028”, prevê o SEMPRE – Movimento Independente (MI).
Publicado no Jornal Oficial da União Europeia (UE) cinco dias depois do jornal Reconquista dar a notícia “Pavilhão multiusos junto à estação da CP”, 15 de outubro, o contrato público para elaboração do projeto do Centro de Dinamização Empresarial, Cultural e Desportiva tem o valor previsto de 600 mil euros.
O início de um projeto “estruturante” no terceiro ano de gestão sobressaltou o SEMPRE – MI: “Ao fim do mandato, o normal é existir a preocupação de inaugurar a obra feita”. O executivo está a “anunciar projetos e obras futuras”, dando a entender que “Castelo Branco está a ser adiado”, declarou Luís Correia em conferência de imprensa, na passada segunda-feira, 14 de outubro.
O partido de oposição considera o pavilhão multiusos uma das “obras mais importantes e estruturantes” para o concelho. Com capacidade para seis mil pessoas em pé e quatro mil sentadas, conforme divulgou o semanário regional, a estrutura tem o potencial de sediar eventos desportivos, culturais e empresariais.
Este é um equipamento que “faz falta a toda a região da Beira Interior e do Alto Alentejo”, reconheceu o presidente da Câmara de Castelo Branco ao órgão de comunicação social.


Jorge Pio, vereador do SEMPRE – MI, revoltou-se com o atraso no andamento do projeto: “Se nas obras mais importantes e estruturantes não se faz nada, onde é que se faz?”. Para ele, o foco do governo municipal deveria estar nos “projetos pilares de uma estratégia”.
A elaboração do projeto estava prevista para 2023 e passou para 2024. As empresas interessadas na contratação pública têm até ao dia 13 de novembro para candidatarem-se. Após a adjudicação da obra, há um prazo de 180 dias para o projeto de construção ficar pronto, o que deve ocorrer ao meio do ano de 2025.
O investimento de 600 mil euros para o planeamento das obras dependerá da próxima gestão eleita para se concretizar. Leopoldo Rodrigues disse que vai procurar o apoio de fundos comunitários europeus para financiar a materialização da estrutura na área de 25 mil metros quadrados, em frente à Estação de Comboios.

“Se levou dois anos para lançar o concurso para o projeto, quanto tempo demorará para concluir o projeto?”, questionou Jorge Pio durante a conferência de imprensa.
Apesar da relevância da obra, o SEMPRE – MI não deixou de criticar a “falta de criatividade” do atual executivo por levar adiante uma das propostas do programa eleitoral da oposição. “O PS nada propôs quanto a este projeto no seu programa eleitoral”, sublinhou Luís Correia, relembrando que “a única força política que propôs a sua concretização foi o SEMPRE”, em sua primeira promessa eleitoral.
Na visão da oposição, o anúncio desta obra a um ano das eleições autárquicas revela que “o programa eleitoral do PS é irrealista” e que há “uma falta de estratégia para promover o desenvolvimento do concelho”. “Este duplo anúncio, não tem outro objetivo que o de iludir os albicastrenses”, concluiu o SEMPRE – Movimento Independente.
Nem de Leopoldo, nem de Luís
A ideia de criar um pavilhão multiusos surgiu, originalmente, na altura em que Joaquim Mourão era o presidente da Câmara de Castelo Branco, esclareceu o Partido Socialista (PS) em comunicado. Tornar Castelo Branco uma cidade mais atrativa a diversos tipos de eventos era uma intenção do autarca a quem Luís Correia sucedeu a partir de 2013.
Ao criticar a não execução do projeto do pavilhão multiusos em dois anos, Luís Correia cometeu uma “hipocrisia”, apontou o PS. O atraso para lançar o concurso público na atual gestão de Leopoldo Rodrigues não é comparável aos mais de seis anos em que o atual vereador do SEMPRE – MI liderou a autarquia sem recordar desta proposta, replicou o antigo partido do mesmo.
Ao devolver a acusação ao vereador, a concelhia socialista recordou o fim da “única infraestrutura que permitia acolher diversos tipos de eventos em Castelo Branco, o pavilhão do NERCAB”. Segundo o partido, “foi durante o mandato de Luís Correia que se deixou acabar”.
“A marca do vereador Luís Correia é que Castelo Branco tenha perdido esta valência, sem que outra alternativa estivesse salvaguardada. Hoje, por obra deste executivo, põe-se fim a essa carência”, defendeu o PS.
Independente se vêm de oposição ou de posição, os socialistas disseram estar dispostos a concretizar as “boas ideias”.
Revertendo a metáfora de que “Castelo Branco está a ser adiado”, o PS deu razão a Luís Correia: “Castelo Branco esteve, de facto, adiado, mas foi durante os seus mandatos”.