“A Lâmina do Presente: Quando a Dança Rompe o Tempo e a Lua Queima os Olhos”

No próximo dia 21 de Maio, às 21h30, a Fábrica da Criatividade, em Castelo Branco, acolhe a apresentação da criação cénica “Fuga Para o Tempo Presente – O Leve Poder da Lua Apenas Queima os Olhos”, uma obra que rompe as barreiras da Dança convencional para se afirmar como um manifesto poético, político e filosófico.

Com direção e conceção de Hugo Calhim Cristóvão e Joana von Mayer Trindade, esta criação inscreve-se na linha mais densa e provocadora da dança contemporânea portuguesa. A obra propõe um corpo em estado de urgência, uma presença que se afirma na vertigem do agora e na tensão entre o efémero e o eterno. Aqui, cada gesto transforma-se em resistência, cada movimento carrega o peso do instante como ferida e revelação.

A cena apresenta-se como território de confronto e transfiguração. O tempo presente emerge como um campo de batalha onde a finitude dos entes, a fragilidade da existência e a potência do momento se cruzam com a simbologia da lâmina e do fogo. A frase enigmática – “a faca não corta o fogo” – ganha corpo através de uma interpretação que investiga os limites do corpo e da linguagem como veículos de memória e de ação.

Num mundo onde a violência geopolítica dilacera o tempo e silencia o agora, a peça recusa a banalização do quotidiano e propõe um corpo que resiste ao colapso. A dança impõe-se como grito ético, como rastro que permanece após o desaparecimento. A obra convoca a filosofia, a teoria crítica e a poesia como fundamentos para uma dramaturgia que escapa à ilustração e mergulha no abismo do presente.

Com interpretação de Sara Miguelote, e uma equipa artística e teórica multidisciplinar, “Fuga Para o Tempo Presente” afirma-se como criação de vanguarda que desafia o espetador a confrontar-se com o real através do simbólico e do sensível. O desenho de luz de Luís Silva e Luís Ribeiro, a cenografia de NuIsIs ZoBoP e os figurinos de UN T reforçam esta atmosfera de suspensão e estranheza onde o tempo parece dobrar-se sobre si mesmo.

A peça conta ainda com o apoio do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto, do Festival Escenas do Cambio, entre muitas outras instituições nacionais e internacionais. A NuIsIs ZoBoP, estrutura responsável pela produção, é financiada pela República Portuguesa – Cultura / DGARTES.

“Fuga Para o Tempo Presente” não oferece respostas fáceis. Convoca o público a entrar numa experiência sensorial e reflexiva onde os olhos queimam não pelo excesso de luz, mas pela densidade do que é visto – ou intuído – no abismo do agora.

Informações

21 de Maio

21h30

Fábrica da Criatividade, Castelo Branco

Entrada livre / limitada à lotação da sala

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